OPINIÃO

Reposicionamento: apagar incêndio ou manter a chama viva

Os reposicionamentos disruptivos são os que mais ganham visibilidade. Mas existem seis níveis menos radicais e mais saudáveis.

Os reposicionamentos que mais aparecem na mídia são os reposicionamentos disruptivos, aqueles que mudam todo o conceito e direção da marca. São os reposicionamentos que apagam incêndios.

Por outro lado, acredito que o reposicionamento é um processo de ajuste de rota que deve ser realizado anualmente. Em vez de apagar incêndios, ele serve para manter a chama da marca acesa e queimando.

Há diferentes tipos e intensidades de reposicionamento. Veja abaixo minha visão sobre o tema.

Três Tipos de Reposicionamento, Segundo Kotler

De acordo com Philip Kotler, o reposicionamento pode ser classificado em três principais categorias:

  1. Reposicionamento Real: Aqui, a empresa ou o produto passam por uma verdadeira transformação. Um exemplo seria a transição da Lego, que foi de brinquedo tradicional para ícone de criatividade e design.
  2. Reposicionamento Psicológico: Este é um movimento para ajustar a percepção pública sem alterar substancialmente a oferta. Pense na Coca-Cola Zero, que essencialmente manteve a fórmula da Diet Coke, mas alterou o marketing para atrair um público diferente.
  3. Reposicionamento Competitivo: Aqui, a meta é mudar como o público compara sua marca com os concorrentes. Um exemplo recente é a Netflix, que busca reposicionar-se como produtora de conteúdo, competindo com estúdios tradicionais de Hollywood.

Incremental, Substitutivo ou Disruptivo:

Complementando Kotler, a partir de Whetten podemos extrapolar alguns níveis de intensidade também:

  • Incremental: Adiciona algo novo à percepção da marca. Exemplo: O GymPass quando mudou para Wellhub para adicionar novos produtos e mercados.
  • Substitutivo: Remove ou substitui um elemento existente. Exemplo: As marcas de carro descontinuando motores a combustão para focar em elétricos.
  • Disruptivo: Redefine completamente a percepção. Exemplo: A Jaguar quando abandonou toda sua linha de carros clássicos.

Enquanto os reposicionamentos disruptivos recebem mais atenção da mídia, os movimentos incrementais e substitutivos são, na maioria das vezes, mais saudáveis e menos arriscados.

A Minha Jornada entre “fake branding” e transformação real

No início da minha carreira, trabalhei predominantemente com reposicionamentos psicológicos, que se são mais próximos da área de comunicação dentro do marketing. Entretanto, com o tempo, percebi que essas mudanças são limitadas quando o objetivo é impactar diretamente os resultados de negócio. Hoje, prefiro me concentrar em reposicionamentos reais, que, embora mais desafiadores, são os que efetivamente impulsionam o crescimento.

Tabela Comparativa: Tipos e Características de Reposicionamento

Tipo de ReposicionamentoDescriçãoExemplo
RealTransformar a oferta ou modelo de negócioLego: de brinquedo a plataforma criativa
PsicológicoAjustar a percepção sem alterar a ofertaCoca-Cola Zero
CompetitivoReposicionar frente aos concorrentesNetflix como produtora de conteúdo
Profundidade do ReposicionamentoCaracterísticaExemplo
IncrementalAdiciona algo à percepçãoMcDonalds e produtos saudáveis
SubstitutivoRemove ou substitui um elementoVolkswagen e motores elétricos
DisruptivoRedefine completamente a percepçãoJaguar e descontinuidade dos carros clássicos

Por Que Nem Sempre Disrupção É a Melhor Escolha?

Reposicionamentos disruptivos são atrativos pela visibilidade que proporcionam, mas também são arriscados. Um exemplo clássico é o da Kodak, que tentou se reposicionar no mercado digital sem preparar adequadamente sua base. Em contraste, marcas como Unilever têm mostrado que movimentos incrementais e substitutivos podem garantir consistência e crescimento sustentáveis.

Reposicionamentos reais exigem coragem, mas também devem ser embasados em dados e uma compreensão clara do público-alvo. Essa abordagem balanceada é a que permite marcas não apenas sobreviverem, mas prosperarem no longo prazo.

Conclusão: Mantendo a chama do crescimento acesa

O reposicionamento é como cuidar de uma chama. Ele exige atenção constante, ajustes estratégicos e o combustível certo para continuar brilhando. A intensidade e o tipo de reposicionamento dependerão do nível de desconexão entre o mercado e a visão interna da empresa.

Para aqueles que lideram esse processo, o desafio não é apenas evitar que a chama se apague, mas mantê-la viva de forma constante e sustentável. Afinal, o sucesso de um reposicionamento está na força com que ele aquece o crescimento e ilumina o caminho para o futuro.

Qual nível de reposicionamento sua marca precisa?

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