OPINIÃO

Quando reposicionar uma marca? 34 motivos proativos e reativos.

Reposicionar uma marca é um processo que, idealmente, deve ser planejado anualmente, garantindo ajustes incrementais. No entanto, muitas vezes ele acontece em resposta a gatilhos específicos. Neste artigo, compartilho 34 gatilhos que motivam um reposicionamento, divididos entre aqueles que são acionados de forma ativa e reativa

Outro dia, participei de uma discussão no LinkedIn sobre reposicionamento e comentei que existem dois tipos de movimentos estratégicos: o ativo e o reativo. O primeiro ocorre quando a empresa antecipa oportunidades para defender ou garantir uma nova posição no mercado; o segundo, quando ela reage a uma perda de posição no mercado.

Essa distinção é baseada no conceito do marketing proativo e reativo, de Kotler, que diz que enquanto o marketing reativo busca suprir uma necessidade declarada, o proativo tenta prever as necessidades futuras dos clientes. Acredito que o mesmo princípio se aplica ao reposicionamento de marcas.

Um exemplo de reposicionamento ativo vs reposicionamento reativo

Em 2024, dois grandes casos exemplificam essa lógica: Wellhub (antiga Gympass) e o Itaú.

A Wellhub adotou um reposicionamento ativo ao transformar seu modelo de negócios: deixou de ser um app de acesso a academias e tornou-se um ecossistema global de wellness para empresas. Antecipou uma tendência de expansão e buscou capturar novas oportunidades.

Já o Itaú Digital fez um movimento reativo. O banco reagiu à entrada de fintechs e players digitais que vinham ganhando fatias do mercado com serviços mais ágeis e acessíveis. Foi uma tentativa de retomar o controle em um cenário de mudança acelerada.

Ambos os reposicionamentos eram necessários, mas os benefícios do ativo são sempre maiores. Antecipar tendências permite que a empresa controle a narrativa e colha os frutos do pioneirismo. Já o reposicionamento reativo, por mais bem executado que seja, parte de uma posição defensiva e traz riscos maiores.

Quando fazer um reposicionamento?

Acredito que o reposicionamento deve ser um processo planejado anualmente, visando um ajuste incremental e não disruptivo. No entanto, na prática, ele costuma ocorrer em resposta a algum gatilho. Fiz uma lista extensa de todos que lembrei, levantei 34 gatilhos que geralmente motivam um reposicionamento, divididos entre ativos e proativos.

Confira abaixo:

SubgrupoGatilhoTipoDescrição
1. Expansão de Mercado e PortfólioExpansão para novos mercadosProativoEntrar em novas regiões ou segmentos de mercado antes da concorrência.
Lançamento de novos produtosProativoCriar produtos que atendam demandas ainda não exploradas.
Criação de novas categoriasProativoLiderar a criação de novos mercados por meio de soluções inovadoras.
Expansão do share of walletProativoCapturar uma fatia maior do orçamento dos clientes existentes.
Mudança no modelo de negóciosProativoTransformar a operação para torná-la mais escalável ou digitalizada.
Ecossistemas de soluçõesProativoReposicionar-se como uma oferta integrada para problemas maiores.
Exploração de canais B2B/B2CProativoExpandir atuação para públicos diferentes (empresas ou consumidores).
2. Atualização Tecnológica e InovaçãoAdoção de novas tecnologiasProativoIncorporar tecnologias inovadoras como diferencial estratégico.
Entrada tardia no digitalReativoRecuperar o atraso na adoção de estratégias ou canais digitais.
3. Alinhamento Interno e OrganizacionalRevisão do propósito/visãoProativoAlinhar os valores e a visão da empresa ao contexto moderno.
Busca de diferenciaçãoProativoSair do mercado saturado e criar uma nova narrativa competitiva.
Reposicionamento premiumProativoElevar a percepção de valor, visando públicos de maior poder aquisitivo.
Reposicionamento culturalProativoIncorporar valores sociais modernos, como diversidade e inclusão e ESG
Resgate de herança históricaProativoValorizar a tradição da marca como diferencial competitivo.
Canibalização internaReativoReajustar o portfólio de produtos para evitar conflitos entre linhas.
Identidade confusa ou diluídaReativoReposicionar-se para resolver problemas de comunicação incoerente.
Fusões, aquisições ou parceriasProativoUnificar ou reestruturar marcas após aquisições ou colaborações.
Mudanças na gestão ou culturaProativoReagir a alterações na liderança ou estrutura organizacional.
Cultura interna enfraquecidaProativoReforçar a marca como atrativa para talentos e funcionários.
4. Adaptação a Mudanças de Público e MercadoMudanças no perfil do públicoProativoAdaptar-se a novas gerações ou mudanças culturais no comportamento de consumo.
Reposicionamento como líder da categoriaProativoColocar-se como a nova posição de liderança recém conquistada
Adaptação a novas regulamentaçõesProativoAntecipar-se às mudanças legais e se destacar como referência no setor.
Perda de relevância culturalReativoRecuperar o alinhamento com pautas e valores contemporâneos.
5. Competição e Ameaças ExternasPerda de market shareReativoResponder à redução de participação no mercado devido à concorrência.
Concorrentes agressivosReativoReagir à entrada de players disruptivos ou estratégias agressivas.
Pressão competitiva por preçoReativoEnfrentar concorrentes que competem em preços mais baixos.
Crescimento de substitutosReativoCombater alternativas de produtos mais baratos ou inovadores.
6. Resposta a Crises e Desempenho NegativoImagem desgastadaReativoAtualizar uma percepção de marca considerada ultrapassada ou negativa.
Baixa fidelização de clientesReativoReposicionar-se para recuperar a confiança e a lealdade do consumidor.
Queda em vendas e lucroReativoCorrigir a trajetória negativa de receita e rentabilidade.
Crises de imagemReativoSuperar questões de reputação, como escândalos ou crises públicas.
Ameaças externasReativoReagir a disrupções, novas tecnologias ou crises no setor.
Cenários pós-crise econômicaReativoAjustar-se para retomar crescimento após recessões locais ou globais.
Respostas a boicotes sociaisReativoSuperar críticas públicas e reconstruir relacionamento com os consumidores.

Esses gatilhos ilustram que o reposicionamento reativo surge quando a empresa sente que está perdendo espaço, enquanto o ativo acontece quando a empresa percebe oportunidades futuras e age antes dos outros. Veja, que, ao contrário da percepção popular o número de gatilhos proativos é maior do os reativos.

No fim das contas, reposicionar-se não é uma questão de escolha, mas de quando e como você vai fazer isso. Antecipar o futuro e transformar desafios em oportunidades é o verdadeiro diferencial.

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